quinta-feira, 29 de maio de 2008

Novo sindicato, a favor ou contra?

Aos poucos e poucos, vou ouvindo boatos sobre a possibilidade de um novo sindicato. Algumas pessoas pretendem unir os movimentos, e criar um movimento único, e por fim, um sindicato. A ideia, se bem que bem intencionada, não tem a minha bênção. As razões do meu "não apoio" são simples: mais um sindicato, principalmente numa altura em que a Fenprof tem praticamente todo o protagonismo, colocando todas, ou quase todas, as restantes para um canto obscuro de onde saem apenas para alguma reunião, onde os protagonistas continuam a ser os mesmos, e os centros de decisão, os verdadeiros centros de decisão, irão continuar a ser os mesmos, não irá acrescentar nada ao panorama sindicalista. E pior ainda, não irá acrescentar nada à luta dos professores. Os movimentos, enquanto movimentos independentes de sindicatos e de partidos, apesar de vários, têm uma força que lhes é dada pela sua genuinidade. Esta legitimidade perder-se-á com a sua entrada no sistema! Foram os movimentos que na realidade juntaram os cem mil em Lisboa, e foram os sindicatos que desbarataram esses mesmos cem mil...

Assim, fica aqui a minha intenção de não apoiar qualquer intuito de criação de um novo sindicato de professores. Desejo sim, que a luta se reacenda, uma luta plural, e que acabe, tal como no histórico 8 de Março, por unir todos os professores!

Ainda sobre a fusão do 1º e do 2º ciclo

Já aqui falei das minhas razões para não concordar com a fusão do 1º e do 2º ciclo, na perspectiva do professor generalista (ler aqui), mas. "esqueci-me" de alguns pormenores que gostaria de tratar hoje. Mais uma vez, e até posso parecer insistir demasiado neste ponto, se vê a missão economicista deste governo.

Infelizmente, o Ministério da Educação, e seus elementos, gabam-se de incutir e promover a excelência no nosso sistema de ensino, quando na realidade, a verdade é outra. Diminuir o número de professores através do conceito de professor generalista, quando a necessidade actual é bem maior do que a oferecida pelo ME, principalmente a nível de apoios pedagógicos acrescidos, é o primeiro passo. Desde há algum tempo, o ME diz que cada escola deverá potenciar os seus recursos humanos, mas a sua ideia de como fazer isso, é colocar professores de 2º ciclo a leccionar 3º ciclo, e vice-versa, ou colocar professores de uma determinada área a dar apoio numa área completamente diferente. Se houver necessidade de apoios pedagógicos acrescidos, e não houver professores disponíveis, simplesmente não há apoios, pois o ME não permite a contratação para estes casos. Bom e barato, na Educação não existe, por isso, o ME fica-se pelo barato, e usando estatísticas, e subterfúgios nas provas de aferição, provas globais, e afins, vende o medíocre por bom...

Colocar um professor a leccionar todas as disciplinas nucleares desde o primeiro até ao sexto ano, além de impedir um maior nível de conhecimento dos conteúdos, vai permitir ao ME poupar dinheiro nos seus recursos humanos, ou seja, nos professores. A questão das crianças traumatizadas apenas foi posta por psicólogos, uma classe obcecada pela defesa da infantilidade, em vez da defesa da sua educação. A pedagogia, a arte de ensinar, foi tomada de assalto pelos psicólogos e pelos teóricos da educação, muitos deles, sem praticamente nenhuma experiência real numa sala de aula. Estes agentes têm servido para apoiar todas as novas medidas do ME, sempre no pressuposto que são para proteger e melhorar a evolução das crianças. No entanto, estas medidas são uma falácia, pois se virmos globalmente, elas apenas protegem a sua infantilidade, sem qualquer tipo de exigência e de dificuldades, e o ME sabe-o, mas como a poupança está em primeiro lugar, faz de conta que são medidas inovadoras, ao nível do que de melhor se faz no mundo, esperando, sabendo-o, que os portugueses caiem na esparrela, e os professores se calam...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Senhora do Mar

Mais um aparte neste blog para felicitar Vânia Fernandes que, passado alguns anos, consegue levar Portugal até à final do Festival da Canção. Com uma canção linda e com uma performance poderosa, Vânia Fernandes conseguiu finalmente ultrapassar a barreira do facto de estarmos inseridos num grupo praticamente composto por países de leste. Assim, só uma grande canção e uma grande voz passaria à final nesta condições.

Parabéns!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Monodocência no 1º e 2º ciclo - uma questão de bom senso, ou de falta dela...

"A reestruturação da organização escolar, fundindo o 1.º e o 2.º ciclos e alargando o ensino da monodocência até aos 12 anos, são algumas das medidas propostas pelo Conselho Nacional da Educação (CNE) num estudo em que caracteriza a situação das crianças portuguesas dos zero aos 12 anos - mais pobres dos que os adultos, mais vitimizadas do que em qualquer outro país da Europa, são das que menos brincam com os pais, tendo na televisão a principal fonte de entretenimento.

Para minorar as «transições por vezes traumáticas» entre ciclos, são propostas medidas que introduzam uma lógica de continuidade entre o pré-escolar e o 1.º Ciclo, assim como uma fusão dos primeiros dois ciclos."


A questão do regime de monodocência no 1º e 2º ciclo, fundindo estes dois, não é de agora. Já há algum tempo tem-se repetidamente adjectivado a passagem do 4º para o 5º ano como traumático e como razão de todos os males da educação em Portugal. Gostaria de, em poucos pontos, refutar, ou pelo menos, pessoalmente discordar destas razões.

Primeiro, a questão do trauma da criança. Penso que deveriam nestas alturas aparecer os psicólogos e explicar como é nesta fase da nossa vida que aprendemos a adaptarmos-nos a situações novas, e que temos mais activa essa capacidade. Tenho muita dificuldade em admitir que é infantilizando as crianças, quando elas começam a entrar numa fase crítica do seu crescimento psicológico como é a adolescência, que iremos prepara-las mais adequadamente para a complexidade da vida. A adaptação é a capacidade chave do ser humano para sobreviver e ultrapassar os obstáculos que existirão durante toda a sua vida.

Segundo, a questão da suposta monodocência no 1º ciclo, em comparação com o "caos" do 2º ciclo. No 1º ciclo, actualmente, existe o professor de 1º ciclo, que lecciona as áreas chave, mas existem ainda outros professores, de áreas como o Inglês, a Educação Física e as Expressões. Dificilmente hoje se poderá dizer que um aluno no 1º ciclo apenas tem um professor. Logo, a transição não será assim tão violenta como a pintam. Já agora, seria interessante reflectir sobre a opinião que vários pais deram sobre este assunto. Quando questionados sobre o suposto "trauma" pela passagem do 1º ciclo para o 2º, todos se mostraram espantados, negando que isso tenha acontecido com os seus filhos. Aliás, vários mostraram-se contra esta proposta, pois consideram a necessidade dos filhos se adaptarem a novas situações, importante.

Terceiro, a perspectiva do 2º ciclo. Infelizmente, notamos que muitos professores do 1º ciclo dão prioridade aos conteúdos da sua área de formação, seja ela Ciências, seja ela, Letras. Ora, se no 1º ciclo, onde temos a base da Educação, onde os conteúdos são os elementares, já se torna complicado um professor ser excelente em todos, o que acontecerá num 2º ciclo, onde os programas são mais vastos, mais complexos e mais abrangentes? Será realmente um professor capaz de ser excelente em Matemática, Ciências da Natureza, Língua Portuguesa, História, Geografia, etc? Se por vezes já se torna difícil um professor ser excelente em duas áreas disciplinares, custa-me a acreditar que seja com monodocência que a excelência na Educação se atingirá...

Resumindo, a adaptação é uma capacidade que deve ser incentivada, e não, desprezada, e a excelência do professor no conhecimento daquilo que ensina e nas suas práticas pedagógicas são essenciais para se educar uma criança.




O Ministério da Educação considera que é prematuro avançar com a fusão dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico, tal como recomenda o estudo pedido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Peço desculpa se estiver errado ou confundido, mas não foi o ME que há tempos propôs o mesmo? Aliás, não se estão já a formar professores de monodocência para o 1º e 2º ciclos? Esta distanciação do ME, sem ninguém os colocar em cheque deixa-me perplexo e algo revoltado. E já agora, será uma inflexão de posição, ou tentar colocar o ónus desta decisão no CNE? É bom que comecem a abrir os olhos, senão, à boleia de estudos como este, o ME leva a sua avante.


A Associação Nacional de Professores alertou hoje para a necessidade de reestruturar toda a formação dos docentes caso avance a fusão do 1º e 2º ciclos do ensino básico, proposta pelo Conselho Nacional de Educação.
"Parece-nos adequado o que é proposto, mas há que ter em conta o tempo de implementação desta medida e a formação dos professores, que terá de ser toda reformulada", comentou João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores.


Mas agora até a Associação Nacional de Professores defende esta proposta? No ME devem estar a saltar de alegria. Quando quiserem colocar este sistema a funcionar, poderão dizer que todos os intervenientes estão de acordo. E sobre esta associação acho que não vale a pena dizer muito mais... Eles próprios já dizem tudo!


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Obrigatoriedade do pré-escolar - Debate

O Movimento Democracia iniciou um debate sobre a obrigatoriedade da frequência do pré-escolar.

Agradece-se colaboração com ideias, opiniões, reflexões, comentários, de educadores da área e de outros ciclos de ensino.

Ler aqui

sábado, 17 de maio de 2008

Manifestação 17 de Abril

"Manifestações com pouca participação"


Nada surpreendentemente, as manifestações regionais de hoje (dia 17) primaram pela ausência dos professores... Apenas algumas centenas no cômputo das várias manifestações é a prova de que o suposto entendimento teve como principal efeito esmorecer a luta, e salvaguardar Maria de Lurdes Rodrigues. Digam os sindicatos o que disserem, a verdade é que um entendimento que foi imposto aos professores, que na altura de votar a favor ou contra, ficaram entre a espada e a parede, quando deveria ter sido o ME a estar nessa situação, tornou toda a luta dos professores, infelizmente, inócua.


"Os professores devem ter entendido que o protocolo de entendimento assinado com o Ministério da Educação salvaguardou questões essenciais e têm a garantia dos sindicatos de que não vão ceder" (...) "Esta manifestação pretende dizer claramente que o protocolo de entendimento não significa que os professores estão resignados", salientou o líder da FNE.

Eu não fui devido a assuntos pessoais, mas também não tenho problemas em admitir que, mesmo que fosse, não iria contente, tanto com o ME, como com os sindicatos. Este tipo de declarações, quando as manifestações regionais foram um autêntico fracasso, ainda tornam mais confrangedor o esforço inglório de mostrar que os professores ainda estão com eles... A verdade é que não estão, como muitos dos que foram não estão, mas que têm consciência de que a luta não pode acabar. Nada ganhámos, mas muito perdemos. E por isto, honra aos sindicatos...



PS: Parabéns a todos os resistentes que compareceram nas manifestações.

Concurso de Professores 2008

Já foram publicadas as listas provisórias de ordenação.

Ver aqui

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Sócrates, o Rei da Propaganda!

"Sócrates pede desculpa e deixa de fumar"

Eu tenho que dar a mão à palmatória. Mais uma vez José Sócrates conseguiu, de uma forma que quase me atrevo em apelidar de genial, desviar o assunto, virando uma situação no mínimo escandalosa às avessas... Com um golpe de mestre, Sócrates pediu desculpa por ter fumado, mesmo ainda "sem saber" se era ilegal ou não, afirmando que tal não iria voltar a acontecer, e por fim, a cereja em cima do bolo, para que tal fosse possível, iria deixar de fumar! Pelo meio, ainda a mostrar-se compreensivo com os fumadores, reconhecendo ser difícil aguentar oito horas sem fumar. Sócrates pode ser um péssimo governante, mas pelo contrário, é um fantástico gestor de imagem!

Sócrates, o Rei da Propaganda!

domingo, 11 de maio de 2008

Parabéns Rui Costa


Hoje vou fugir aos temas educacionais, ministeriais e afins, e fazer a minha homenagem a um jogador genial, a um grande benfiquista, e por fim, e mais importante, a um grande Homem: Rui Costa!

Como vi escrito numa faixa no Estádio da Luz, onde adoraria estar hoje, "Obrigado por ontem, obrigado por hoje e obrigado por amanhã!"


Como Benfiquista, e como Português, apenas quero dizer, Obrigado Rui Costa!



quinta-feira, 8 de maio de 2008

Disciplina versus espírito crítico... Permitam-me discordar

“Não faz sentido dar aulas segundo as materiazinhas tal como vêm ordenadas nos programas, nos manuais e, pior ainda, na mente de alguns professores. (...) Há que cruzar tudo. A experiência com o estudo, o que se aprende aqui com o que se descobre acolá (...) porque o que importa é que eles aprendam a compreender o que os rodeia, descubram, e desenvolvam as suas próprias capacidades de questionar o mundo, de intervir, de saber optar e de saber decidir”

Inovação, vol.6, nº2, 1993


Encontrei esta frase nas minhas deambulações pela net, como introdução a um roteiro de Área de Projecto (ver aqui). Chamou-me à atenção por fazer brotar de mim sentimentos contraditórios. Se bem que concorde com a interacção entre o programa e o quotidiano, entre os programas de cada disciplina, e concorde plenamente com o objectivo de os alunos criarem um espírito crítico que permita questionar o mundo, optar e decidir conscientemente, causou-me um pouco de "comichão" a forma confusa e nada organizada como defende que deve ser o ensino.

Vamos por partes.

Primeiro. A interacção entre as "materiazinhas" de cada disciplina e a realidade do quotidiano e do que nos rodeia, é essencial para facilitar a compreensão dos fenómenos, sejam eles físicos ou sociais, pelos alunos, e ao mesmo tempo, torna, da perspectiva do aluno, as tais "materiazinhas" mais interessantes.

Segundo. No mundo, nada é hermético, tudo interage. Esta é uma máxima segundo a qual a Escola deve-se reger. Não podemos ensinar História, dissociando todos os eventos da humanidade de tudo o resto. História, por exemplo, é uma área onde tudo interage, pois estuda e narra todos os factos sociais, económicos, científicos, intelectuais, políticos, etc... significativos. Este é apenas um exemplo. Poderia falar da transversalidade natural da língua materna, ou até, se bem explorado, da transversalidade da Matemática, também natural. As áreas curriculares disciplinares, não são herméticas, ou não devem ser, devendo interagir, de acordo com a transversalidade de todos os conteúdos.

Terceiro. O espírito crítico deve ser fomentado. E cada vez mais, deveria ser uma prioridade. Numa sociedade avançada, a opinião, o espírito crítico, deveriam ser aceites, enaltecidos e promovidos. Este espírito crítico é o que permite a acção consciente. Quando não existe espírito crítico, as pessoas agem como rebanhos... Contudo, a forma como têm lidado com a Escola, a forma como têm tentado restringir a liberdade dos docentes, e têm tentado compartilhar e tornar os professores numa espécie de robots standart, é sinal de que esse mesmo espírito crítico não é desejado... Aliás, não se antevê actualmente qual o futuro que os governantes educativos querem para as nossas crianças, mas está visto que este futuro não requer nem espírito crítico nem disciplina. O futuro não se antevê brilhante...

Quarto. Disciplina. Uma aula que tenha, e deverá ter, opiniões, argumentações, perguntas pertinentes, a experiência de cada um, e mesmo as resistências, mas que não tenha ordem e disciplina, será apenas um aglomerado incoerente misturado com os conteúdos. O espírito crítico numa aula não se baseia em confusão, mas sim numa confusão organizada. É óbvio que numa aula com determinada planificação, por vezes, o rumo da aula leva-nos a falar de conteúdos já leccionados, por vezes, de conteúdos ainda por leccionar, e ainda, de conteúdos que nem sequer estão no programa. No entanto, todas estas variações têm como objectivo tornar aquela determinada aula mais rica, e o conhecimento dos alunos mais profundo. E obviamente, que as perguntas pertinentes dos alunos são bem vindas, e as suas experiências, e as suas objecções, quanto bem exploradas, serão uma mais valia para a aula. Não há verdades intocáveis e eternas, e é bom que os alunos ponham em causa. É bom que não se acomodem. Cá estamos nós para explicar, para com eles argumentar, para lhes mostrar e demonstrar o conhecimento. Aprenderá muito mais um aluno que primeiro desconfia, do que aquele que aceita sem pensar. Mas, tudo isto tem de se fazer de acordo com uma ordem, com disciplina, com coerência, e de acordo com uma ordenação de temas do programa, que orientará o professor ao longo do ano. Sem disciplina, todo o conhecimento será incoerente, e por fim, vazio, pois não permite a compreensão global e a acção consciente.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Professores pagam para formação em avaliação - o mundo anda perdido!!!

Professores pagam 200 euros para formação em avaliação

Não chegava o facto de o ME estar a levar a cabo uma campanha de imposição de uma avaliação completamente descabida, e apenas com motivações restritivas da actuação docente e economicistas. Agora, além disso, quer ganhar dinheiro connosco. 200 euros por uma formação sobre a avaliação docente? Já não chegava a vergonha de os professores serem obrigados a pagar pela sua formação contínua, sem esquecer o material usado na preparação e concretização das aulas, agora ainda pagar 200 euros para aprender a avaliar de acordo com o que o ME legislou...

Na minha opinião, o ME é que deveria pagar aos professores para fazerem essa formação, pois tendo em conta a complexidade obscena deste modelo, só pago é que a tentaria compreender!

terça-feira, 6 de maio de 2008

Cartas na Mesa - Maria de Lurdes Rodrigues

Hoje começa um programa de entrevistas na TVI e a primeira convidada foi, nada mais, nada menos, que Maria de Lurdes Rodrigues.

Enquanto escrevo, a entrevista ainda está a decorrer, e como podem ver, o interesse na entrevista já morreu... Mas ficam algumas ideias.

1 - Boa vontade de Constança Cunha e Sá, mas falta de capacidade para impedir que MLR faça o seu discurso da ordem. No entanto algumas perguntas pertinentes, principalmente quanto ao estatuto do aluno.

2 - Curiosamente, ou não, o pouco tempo que se falou da avaliação dos professores. E do pouco que se falou, nada houve de novo... O discurso do costume, com um regresso da ideia de que apenas alguns professores estão contra as suas medidas! Consequências da diminuição da contestação... Quanto à autonomia das escolas, quase nada, e prova de ingresso, nada mesmo.

3 - Ideias de MLR sobre o estatuto do aluno: - Não se ouvem professores contra este estatuto.
- Este estatuto exige mais dos alunos.

Primeiro, apenas posso falar por mim, mas EU estou absolutamente contra este estatuto, devido a múltiplos factores, entre os quais o facilitismo permitido aos alunos, e a não separação de alunos absentistas e alunos que faltem por razões de força maior...



Não tenho pachorra para ouvir mais... Quem a ouve [MLR], e não conhece a actualidade, pensa que o nosso sistema educativo de repente ficou excelente, e que os professores estão contentes com estas medidas... Como eu conheço, e como faço parte do sistema, apenas posso dizer que de mentiras já estou farto até aos cabelos... E mentiras, foi o que mais ouvi nesta entrevista!

Par pedagógico nas aulas de Matemática

"Aulas conjuntas com professores de matemática e português ajudam a melhorar resultados na matemática"

Ao ler esta notícia, pensei para mim "mas que grande ideia!". Mas depois lembrei-me que isto já é defendido por muitos professores há bastante tempo, mas por razões que me escapam, ou não, ainda não foi implementado em todas as escolas.

Primeiro, um par pedagógico em disciplinas de "risco", como a Língua Portuguesa, e principalmente, Matemática, é uma aposta sempre ganha. As vantagens são muitas, se bem que deverá haver sempre muitos professores que considerem que basta um bom professor para dominar, em todos os sentidos, a sua turma. No entanto, tendo em conta a diversidade de factores que hoje em dia influenciam uma turma, no seu todo, e cada aluno, no particular, faz desta solução uma vantagem.

Segundo, tendo em conta a relação directa e nunca desprezável da Matemática com a língua materna, é bom ver este tipo de projectos em acção. Como muito bem foi dito no artigo
, «não há matemática sem interpretação, sem leitura, sem tomar decisões». A transversalidade da Língua Portuguesa é incontornável, e sem um conhecimento minimamente profundo na língua materna, dificilmente algum aluno terá grandes hipóteses na disciplina de Matemática.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Regresso ao passado

Para não variar, este ano (ontem), na semana académica, rumei ao encontro de tunas depois de uma jantar regado... Cada ano que passa é mais um ano que me separa dos tempos de universidade, mas a verdade é que, estudante uma vez, estudante para sempre!



Em ruelas e calçadas
Em cantos e guitarradas
Canto a ti Viseu, minha cidade.
Em vielas e arruadas
Em prosas e cantatas
Canto a ti Viseu, minha saudade…

Entrevista da Ministra

«os chumbos são um mecanismo retrógrado e antigo» com elevados custos financeiros para o Estado

Mais uma vez, MLR, motivada talvez pela desunião crescente aparente dos professores pós entendimento, volta à carga e demagogicamente, vem mandar mais umas bojardas, que a comunicação social apanha, e o português come...
MLR, vem, a reboque da análise do Plano de Acção da Matemática, cujos resultados ainda estão para se ver (apesar de eu, como professor de Matemática, achar este projecto uma aposta positiva), aproveitar para, agora que a contestação diminui de tom, atacar os professores pelo lado mais perverso: os chumbos. Chumbar um aluno, é preciso que seja dito, para que fique esclarecido para leitores menos conhecedores, é uma prática apenas levada a cabo em poucos casos, e depois de implementadas várias estratégias de recuperação ao longo do ano lectivo. No entanto, e apesar dessas estratégias, temos sempre alguns casos em que essa recuperação não foi possível, devido a vários factores. O que fazer nesses casos? Passá-los apenas porque fica caro permanecerem no mesmo ano? Passá-los sem adquirirem os conhecimentos necessários para a fase seguinte? Isto é que MLR chama de rigor e excelência? No meio disto tudo, passa a ideia, ou é feita passar, de que os professores não fazem tudo ao seu alcance para que os tais "chumbos" não aconteçam. Mas isso é falso! Mais depressa o ME tem culpas no cartório. MLR reclama mais trabalho, mas mais uma vez está, de uma forma pouco clara e falaciosa, a atirar as culpas para as escolas. Mas para mostrar como porventura as coisas não se passem bem assim, apenas dou o seguinte exemplo: um aluno que necessite de apoio pedagógico acrescido numa determinada disciplina, mas que se encontre numa escola onde todos os professores tenham o seu horário lectivo e não lectivo preenchido, o que fará? Opção A: será "enfiado", se compatível com o seu horário, noutro apoio com mais 10 alunos. Opção B: não terá apoio pois não é permitida a contratação de professores para esse efeito. Ora, é muito fácil acusar alguém, quando todos os ouvintes estão a "dormir". Mas chegando à verdade dos factos, vemos que quem afinal tem de trabalhar mais, e tem de mudar algo na sua acção, não são os réus, mas sim os acusadores...



Hipotético diálogo no gabinete ministerial

- Os chumbos são caros! - brada MLR aos céus, e aos fiéis membros da sua equipa. - Os chumbos só servem para gastar dinheiro!
- Esses malandros dos professores têm é de trabalhar mais. - esclarece VL.
- Agora cá chumbos!... - pensa alto MLR - Eu trato do assunto! - diz decidida.