quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Carta

Esta carta foi enviada por mim ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, à Ministra da Educação, ao Secretário de Estado da Educação, ao Secretário de Estado Adjunto da Educação, a vários jornais, e ainda, fez parte de uma exposição ao Provedor de Justiça.

Apelo a todos os que estão na minha situação, e os que simpatizam com a nossa causa, que façam o mesmo!



Excelência:

O meu nome é Filipe Miguel da Cunha Oliveira Araújo e sou docente contratado do grupo 230 (Matemática e Ciências da Natureza) na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Grão Vasco em Viseu. Comecei a leccionar no ano de 2003, e desde aí, já vou no meu quinto ano de trabalho. Nestes últimos 4 anos, sem contar com o presente ano lectivo, já leccionei todos os níveis das disciplinas de Matemática e de Ciências da Natureza, já fui Director de Turma, já leccionei no projecto PIEF e ainda em cursos Educação e Formação de Adultos, no âmbito do programa Novas Oportunidades. Conto neste momento, com 1403 dias de serviço até 31 de Agosto último. Além destes dados, devo dizer que, por o meu curso ter o estágio integrado, já lido com crianças em contexto de sala de aula desde o meu segundo ano de curso, ou seja, há quase oito anos!
Como vê, não tenho muitos anos de experiência no Ensino, mas já tenho alguma experiência, e de alguma variedade! E como eu, existem muitos professores contratados! Professores que, com o final de curso, foram obrigados a leccionar onde houvesse vaga, em qualquer parte do país, e ainda, no horário possível, com o respectivo vencimento! Professores que, tiveram que sair da sua casa, da sua região, viver todos os anos em casas alugadas, sozinhos ou com colegas desconhecidos. Professores que, apesar destas condicionantes, apesar desta precariedade, sempre deram o seu melhor, procurando ministrar uma educação de qualidade. Professores que, neste momento, por não possuírem 5 anos de serviço completo, vão ter que realizar uma prova que lhes possibilite a entrada na carreira docente! Uma prova que “diga” que afinal podem leccionar! Mas o que temos feito até agora? Muitos de nós trabalhamos há vários anos a leccionar, e não conhecemos outra profissão, nem queremos! Esta prova, além de nos fazer regredir na nossa carreira, visto não sermos futuros professores, mas sim, professores em serviço efectivo há alguns anos, desvaloriza completamente toda a nossa formação, toda a nossa experiência acumulada, todas as avaliações anuais de que fomos alvo, e ainda, todos os alunos que passaram nas nossas mãos, alunos que o Ministério da Educação nos confiou!

Venho assim alertar para a situação de todos os professores que já começaram a leccionar, e para quem será extremamente injusto uma prova desta natureza! Uma forma de selecção para a carreira docente deverá começar nos cursos via ensino, e a haver alguma prova, esta deverá estar definida à partida, e não, como se quer fazer, ter as regras alteradas a “meio do jogo”.

Para finalizar, deixo apenas o desejo e a esperança que o bom senso impere, e que todo o trabalho dos professores, de todos os professores, seja valorizado! Eu sou professor! Não sou um futuro professor! Eu, e todos os que estão na minha situação, não merecemos ser sujeitos a uma prova humilhante e injusta como esta!


Atenciosamente

1 comentários:

Bruno_Araujo disse...

a carta esta muita fixe, e que todos os professores deem o seu melhor e que contribuam para um portugal melhor, agora o que este governo quer e rebaixar os professores e humilhados perante uma prova sem nexo, havias de ter posto na carta para o presidente da republica " porque e que nao fazem os mesmos testes aos politicos deste pais" ai se viam os verdadeiros politicos, mas por aquilo que conheço deste pais ficavam neste pais meia duzia de politicos no meio de uma cambada de chulos...
um grande abraço do primo Bruno Araujo, e força nesta luta.