sexta-feira, 21 de março de 2008

Violência escolar - razões para este e outros carolina michaelis

A violência escolar explodiu violentamente na agenda mediática com o vídeo colocado no YOUTUBE no Carolina Michaelis. De repente, aparecem todos os comentadores, meios de comunicação social, opinadores e afins a dissertar sobre os males da educação e as razões da violência escolar, principalmente, sobre professores e outros funcionários das escolas. Será este um problema novo? Não! Claro que não! Então qual a razão de apenas ocasionalmente se falar de um dos grandes dramas das escolas? Posso especular sobre várias razões: os pais, e a vontade de pensar que os seus filhos têm sempre razão e são os melhores alunos do mundo; ao ministério da educação fica sempre mal admitir estes casos, pois assim admite que a violência nas escolas não é assim tão raro e específico de algumas poucas escolas; a comunicação social, que, tirando estes casos muito mediáticos, esquece o panorama geral, que necessitaria de outro tipo de abordagem jornalística, mais aprofundada, pouco ao estilo do que se cá vai fazendo sobre os temas educativos… Razões há muitas, válidas, nenhumas! Nenhum sistema educativo vingará enquanto os seus profissionais não tiverem a autoridade moral e intelectual para exercerem a sua função.

Aqui chegamos a mais uma pergunta: qual a razão do desaparecimento dessa autoridade? Existem várias razões, de ordem sócio-cultural, mas também, ao nível das políticas educativas que de forma sistemática, têm colocado o conhecimento e o rigor em segundo lugar, garantes da autoridade intelectual do docente!

Primeiro:

A sociedade actual continua a passos largos a caminhar para uma sociedade profissional, onde a distinção entre homem e mulher esbate-se, e consequentemente, os filhos ocupam cada vez menos o tempo dos pais. E esse tempo, poucas vezes é de qualidade, visto muitos pais, por virem cansados do trabalho, não têm paciência nem particular interesse em gastar o resto do seu tempo a educar os filhos, função nem sempre agradável! A escola a tempo inteiro vem nesse sentido, de permitir aos pais, mais uma vez, que tenham mais tempo livre fora do trabalho, mas também, longe dos filhos, esses grandes maçadores… As “prendas” quase diárias, seja roupa, seja dinheiro, seja perdões de atitudes menos próprias, seja a falta de tarefas em casa, são tudo recompensas dos pais pela falta de atenção. O problema, é que dessa forma, educam os filhos a reagir e a esperar o mesmo da sociedade, e quando não o têm, reagem da pior forma: como crianças mimadas a quem lhes tirou a chupeta!

Segundo:

Nos últimos anos, a aproximação professor aluno estreitou-se. Essa nova realidade deu azo a muitas confusões… Com a recorrente desvalorização do professor, o aluno começa a confundir uma aproximação pedagógica com aproximação de autoridade dentro da sala de aula. Neste momento, muitos alunos, e não falo daqueles com graves problemas de disciplina, quando são chamados à atenção, muitas vezes não acatam, e continuam, porque não reconhecem no professor essa autoridade. A maioria dos professores vale-se da sua posição de adulto para fazer ver essa diferença, mas aquela imagem do professor, autoridade na sala de aula, não autoritário, está a desvanecer-se. Não sou contra a aproximação entre professores e alunos, pelo contrário, considero que traz muitos benefícios, mas, quando existe uma estrutura e uma mentalidade de fundo que permita cada um saber o seu lugar! Quando os próprios pais não nos reconhecem autoridade, como poderão as crianças fazê-lo?… (escrevi este segundo ponto como comentário num post do blog Educação do meu Umbigo, mas como continua a ser exactamente como queria na altura que escrevi, tomo a liberdade de o voltar a usar, agora aqui.)

Terceiro:

Quando uma ministra que tutela a Educação vem a terreiro bradar que os professores, na sua grande maioria, são incultos, incompetentes, absentistas, pouco trabalhadores, etc, como podemos esperar que muitos pais pensem o contrário? Se a maioria deles não vai às escolas, como poderão saber que isso é falso? Como não sabem, ou não querem saber, passam essa ideia para os filhos, que por sua vez, obviamente, não aceitam ordens de um qualquer badameco que se intitula professor!

Maria de Lurdes Rodrigues não pode fugir à sua responsabilidade! Achincalhou-nos, humilhou-nos, desautorizou uma classe inteira, por isso, não pode nem irá fugir às suas responsabilidades! Se não o admitir, estaremos cá nós para o lembrar e relembrar as vezes que forem necessárias! Não é a culpada mor, mas como comandante deste navio, deve assumir as responsabilidades por ter piorado a situação, em vez de se ter tornado parte da solução!

1 comentários:

Anónimo disse...

Causas do deterimento do papel da escola na sociedade:

- Pior qualidade de vida em Portugal (fosso social cada vez maior entre pobres e ricos);

- Educação dada pelos pais em casa (muitas vezes esta questão de autoridade em casa tb não existe);

- O papel de professor, de organizador e de líder de jovens foi completamente "enxovalhado" pelos últimos governos e praticamente por todos os "opinadores de sofá" inclusive pais;

- A velocidade que é imposta para dar os conteúdos Programaticos (tipo comboio quem aprende aprende quem não...)

- Falta de oportunidades, perda de direitos e motivação dada a recém-licenciados;