quarta-feira, 18 de junho de 2008

Provas de Aferição

"Ministra da Educação muito satisfeita com resultados das provas de aferição."

Apesar das várias críticas às provas de aferição deste ano, tanto de Língua Portuguesa, como de Mstemática, principalmente no que diz respeito à exigência das mesmas, Maria de Lurdes Rodrigues exaltou a grande melhoria do ano passado para este ano. E como é óbvio, "puxou" as responsabilidades para si e para o ME. Na entrevista na SIC, MLR mostrou-se bastante agastada com as várias críticas que vieram de vários quadrantes, apelidando a opinião de especialistas de várias áreas, e dós próprios pais, através de várias associações de pais, de pouco importantes. No seu entender, os únicos que se poderão pronunciar quanto às provas de aferição é o próprio ME, e o GAVE, que por acaso é quem faz as provas.

Devo dizer que MLR mostrou-se mais uma vez no alto do seu pedestal, afastando com irritação toda e qualquer crítica ou questão inoportuna, feita pelo entrevistador. A forma como os vários elementos da equipa ministerial falam, a forma como andam estonteamente alegres com todo o seu trabalho, a forma como pintam a realidade actual e o futuro próximo, apenas mostra a loucura em que todo o ME caiu, loucura amplamente aceite por Sócrates, e pela grande maioria da sociedade portuguesa, que anda cega, ou prefere nem ver... E quando alguns quadrantes da sociedade portuguesa mostra alguma desconfiança ou crítica, rapidamente é apelidade como incompetentes, e afastados para um canto escuro, onde depressa são esquecidos. Estas provas de aferição realmente foram mais simples, método inaflível de melhorar e mostrar resultados. E se a isto adicionarmos os "não provados boatos" (mais vale dizer assim, senão o tribunal espera-me) dos critérios ridículos de avaliação, onde tudo e mais alguma coisa conta para somar, então, aqui se vê os reais propósitos e métodos ministeriais.

sábado, 14 de junho de 2008

Tolerância excessiva

Os profissionais consideram haver tolerância excessiva ao mau ambiente escolar consequente dos alunos com défices de atenção. Isto, está claro, por parte dos professores, desafiando estes a alterar posturas dentro da sala de aula, de forma a consegui-los motivar.

Défice de atenção responsável pelo insucesso escolar


Devo referir que alunos com défice de atenção são realmente complicados de gerir numa sala de aula. Estes alunos, dito hiperactivos, se não controlados muitas vezes com medicamentos, conseguem virar uma aula do avesso. E então imaginem, quando na mesma turma, em vez de um temos quatro, como acontece numa turma minha... A medicação, muitas vezes, essencial em casos deste género, não faz milagres. Muitas vezes torna-os apáticos, e por vezes, não tem todo o alcance desejado, e a criança, continua, se bem que em menor intensidade, hiperactiva. Aqui entramos nós, professores. Temos de estar preparados para lidar com estas situações, e no primeiro caso, sabermos motivá-los a sair um pouco da apatia e entrarem na dinâmica da aula, e no segundo caso, sabermos com disciplina, e também, com trabalho e alguma tolerância, "acalmar" integrá-la nas tarefas da aula. Aqui chegamos a um ponto polémico do artigo. Tolerância excessiva ao mau ambiente escolar? O que é isso? Eu não posso falar por ninguém, mas aos meus alunos ditos hiperactivos, exijo a mesma atitude e trabalho na sala de aula. Não tenho que exigir menos. A forma como o faço, muitas vezes é diferente de como o faço num aluno sem esse problema. Mas exijo-o. Neste ponto, não ando nas salas dos outros a ver como dão as aulas, e se têm ou não tolerância excessiva ao mau ambiente escolar.

Mas agora permitam-me generalizar a frase. Não apenas na sala de aula, mas na escola em geral. Aí sim, concordo, e em absoluto. Apenas um exemplo: na escola onde lecciono, aquando das mudanças de sala a meio dos 90 minutos, os miúdos em vez de em silêncio saírem da sala e dirigirem-se à sala correspondente, não, comportam-se como se estivessem no intervalo, e muitos deles, literalmente aos berros pelos corredores. Quando algum professor, poucos, muito poucos, sai da sala de pede silêncio, a resposta é indiferença, e alguns, em provocação, ainda aumentam o volume. Este exemplo diz muita coisa. Se por exemplo, todos os professores saíssem da sala, a resposta seria outra. Se penalizações houvessem, a resposta seria outra. Se mais funcionários, e com outra autoridade, houvessem, a resposta seria outra. Se uma política mais disciplinadora dos conselhos executivos houvesse, a resposta seria outra. Em muitas escolas há uma tolerância excessiva ao mau ambiente escolar. Não tenho dúvidas. E se os vários agentes mudassem a sua atitude, e concertassem as suas acções, mudanças haveria. Disso também não tenho dúvidas. Agora, enquanto deixarmos andar, e preferirmos nem sequer sair da sala para mandar calar uma turma, porque não vale a pena, então aí nada muda...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Petição Contra a Prova de Ingresso em Plenário da Assembleia da República

A Petição Contra a Prova de Ingresso na Carreira Docente, apresentada pelo Movimento Democracia, foi hoje discutida em plenário na Assembleia da República. Os signatários solicitavam a tomada de medidas contra a prova de ingresso na carreira docente, nomeadamente a reformulação do artigo 20º do Decreto Regulamentar nº 3/2008, de 21 de Janeiro, com inclusão da prova nos próprios cursos via ensino, como requisito de inclusão da licenciatura e a não aplicação da mesma a docentes já profissionalizados.

Os grupos parlamentares, PS incluído, mostraram mais uma vez sensibilidade para esta questão, admitindo a injustiça da retroactividade da prova de ingresso. O grupo parlamentar do PS, pela segunda vez, mostrou publicamente a abertura para resolver esta questão. Na sequência desta discussão, foi apresentado pelo grupo parlamentar do PSD uma proposta de resolução que recomenda ao Governo a alteração das normas que regulam a dispensa da realização da prova de avaliação de conhecimentos e competências, prevista no artigo 22.º do Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário. (ver aqui - fazer o download na página do parlamento)

Esta proposta de resolução aguarda agendamento para ser discutida e votada em plenário. Nessa altura, face à abertura mostrada publicamente pelo PS, temos esperança que seja votada positivamente pela maioria, ou seja, pelo PS. Se esta proposta for aprovada, o governo terá ainda de aceitar a proposta, visto uma proposta de resolução não ser vinculativa. No entanto é minha convicção de que, se o PS aprovar na Assembleia da República esta proposta, o governo a seguirá.

Só nos resta aguardar, sempre com consciência que continuaremos a lutar como temos feito até agora!





quarta-feira, 4 de junho de 2008

Formação para a Cidadania



Tenho por convicção que um professor não é apenas um condutor de conhecimento e orientador da sua aquisição e aplicação, se bem que esse seja a sua principal função. Acredito que um professor deve promover boas práticas de cidadania, essenciais para a vivência em sociedade. Concordo ainda que, na sua formação, tanto a inicial, como a contínua, este deve ser um componente a ter em conta. Dito isto, devo dizer que no meio de todas estas propostas e medidas, a nossa principal função começa a ser subvalorizada em relação a funções maioritariamente da responsabilidade dos pais / encarregados de educação. Cada vez mais os critérios de avaliação de um aluno recaiem sobre competências sociais, e cada vez mais se quer responsabilizar os professores pela educação social das crianças. Enquanto isto, os conhecimentos vão sendo secundarizados... A cada um a sua função! A César o que é de César...