sábado, 14 de junho de 2008

Tolerância excessiva

Os profissionais consideram haver tolerância excessiva ao mau ambiente escolar consequente dos alunos com défices de atenção. Isto, está claro, por parte dos professores, desafiando estes a alterar posturas dentro da sala de aula, de forma a consegui-los motivar.

Défice de atenção responsável pelo insucesso escolar


Devo referir que alunos com défice de atenção são realmente complicados de gerir numa sala de aula. Estes alunos, dito hiperactivos, se não controlados muitas vezes com medicamentos, conseguem virar uma aula do avesso. E então imaginem, quando na mesma turma, em vez de um temos quatro, como acontece numa turma minha... A medicação, muitas vezes, essencial em casos deste género, não faz milagres. Muitas vezes torna-os apáticos, e por vezes, não tem todo o alcance desejado, e a criança, continua, se bem que em menor intensidade, hiperactiva. Aqui entramos nós, professores. Temos de estar preparados para lidar com estas situações, e no primeiro caso, sabermos motivá-los a sair um pouco da apatia e entrarem na dinâmica da aula, e no segundo caso, sabermos com disciplina, e também, com trabalho e alguma tolerância, "acalmar" integrá-la nas tarefas da aula. Aqui chegamos a um ponto polémico do artigo. Tolerância excessiva ao mau ambiente escolar? O que é isso? Eu não posso falar por ninguém, mas aos meus alunos ditos hiperactivos, exijo a mesma atitude e trabalho na sala de aula. Não tenho que exigir menos. A forma como o faço, muitas vezes é diferente de como o faço num aluno sem esse problema. Mas exijo-o. Neste ponto, não ando nas salas dos outros a ver como dão as aulas, e se têm ou não tolerância excessiva ao mau ambiente escolar.

Mas agora permitam-me generalizar a frase. Não apenas na sala de aula, mas na escola em geral. Aí sim, concordo, e em absoluto. Apenas um exemplo: na escola onde lecciono, aquando das mudanças de sala a meio dos 90 minutos, os miúdos em vez de em silêncio saírem da sala e dirigirem-se à sala correspondente, não, comportam-se como se estivessem no intervalo, e muitos deles, literalmente aos berros pelos corredores. Quando algum professor, poucos, muito poucos, sai da sala de pede silêncio, a resposta é indiferença, e alguns, em provocação, ainda aumentam o volume. Este exemplo diz muita coisa. Se por exemplo, todos os professores saíssem da sala, a resposta seria outra. Se penalizações houvessem, a resposta seria outra. Se mais funcionários, e com outra autoridade, houvessem, a resposta seria outra. Se uma política mais disciplinadora dos conselhos executivos houvesse, a resposta seria outra. Em muitas escolas há uma tolerância excessiva ao mau ambiente escolar. Não tenho dúvidas. E se os vários agentes mudassem a sua atitude, e concertassem as suas acções, mudanças haveria. Disso também não tenho dúvidas. Agora, enquanto deixarmos andar, e preferirmos nem sequer sair da sala para mandar calar uma turma, porque não vale a pena, então aí nada muda...

1 comentários:

Pedro disse...

Com aulas de de 90 minutos captar a atenção dos alunos a 100% torna-se num verdadeiro desafio!!!