domingo, 20 de dezembro de 2009

Ministério perde 20 mil docentes (dos quadros) em três anos - a verdadeira razão dos quadros de agrupamento

Actual situação do Ministério da Educação inclui 114 970 quadros. Em 2006 eram 135 mil. Sindicatos dizem que Governo compensa com contratados.

Em apenas três anos, os quadros do Ministério da Educação perderam 20 mil professores, sobretudo através de reformas e aposentações, que não foram compensadas por novas entradas.
Em Junho de 2006 - depois dos primeiros concursos que colocaram os docentes por três anos -, o então secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, revelou que o Ministério contava com "cerca de 135 mil professores nos quadros e apenas 15 mil contratados". Ou seja: 90% da sua força laboral de 150 mil tinham vínculo definitivo.
Mas de então para cá, de acordo com os últimos números divulgados pela tutela, os efectivos caíram para 114 970.
Os sindicatos de professores têm acusado o Governo de, por razões "economicistas", ter promovido uma redução "artificial" deste contingente. Isto porque, sustentam, a perda destes quadros acaba por ser compensada com contratados a termo, que ficam fora da carreira.
"O número actual de profes- sores não é inferior a esses 150 mil [de 2006]", disse ao DN Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. "O que há é muito mais contratados, num processo de precarização da profissão".
Em 2008 aposentaram-se cerca de 5000 professores. Nos concursos deste ano, segundo contas sindicais, só terão sido criadas algumas centenas de lugares de quadro para integrar contratados.


in DN

Antes de sequer comentar a notícia, vou comentar algo que bem me tem chateado há já uns anos que é a pouca preparação e desconhecimento de muitos jornalistas que estão encarregues da Educação nos respectivos órgãos de comunicação social. A maioria da informação chega ao grande público com inverdades, e muitas vezes, baseada apenas na propaganda de ambos os lados da barricada, sem nunca haver um contraditório, uma simples consulta de dados, existentes para quem quiser ver.

O jornalista que fez esta notícia parece que descobriu a pólvora, ou melhor, apenas se deu conta desta situação porque lhe foi dito pelo sindicato. Sinceramente, são pessoas assim tão bem informadas que estão a noticiar sobre educação. Aquilo que ele constatou, já o deveria ter constatado na altura da saída das colocações. E mais, no úlimo parágrafo mostra mais uma vez, o seu desconhecimento, ao referir-me apenas às aposentações de 2008 e relacioná-las directamente com a criação de lugares de quadro. Como é óbvio, deveria ter relacionado sim as aposentações dos últimos 3 anos com as vagas abertas neste último concurso. Aí os números seriam ainda bem mais chocantes. E já agora, era necessário aquele "Nos concursos deste ano, segundo contas sindicais, só terão sido criadas algumas centenas de lugares de quadro para integrar contratados"?. Caramba, isso são contas dos sindicatos ou contas que qualquer um pode fazer indo aos dados do ME? É necessário colocar esses números como se fosse uma arma de arremesso de um dos lados e assim, perder alguma credibilidade em quem está a ler e não percebe nada do assunto?
Enfim, eu não sou dado a manias de conspiração, mas sendo domingo de manhã, e estando nervoso com o jogo de logo à noite, este tipo de notícias, com certas frases que parecem feitas de encomenda, fazem-me logo saltar a tampa.

O que mais me faz saltar a tampa, mas isso já aconteceu logo que sairam as colocações, é a poupança de dinheiro que o Estado está a fazer à conta dos professores. Realmente, foi um esquema bem montado: criam-se quadros de agrupamento, logo, todos têm vinculação num agrupamento (com consequente extinção dos QZP); na altura dos concursos, apesar de ter sido apenas mudanças de colocações, visto que 99% dos "colocados" já tinham vínculo ao estado, puderam dizer, com a complacência dos órgãos de comunicação social, que foi colocado um número histórico de professores; por fim, uma percentagem de professores de QZP que não conseguiram essa famigerada colocação, foram também colocados numa escola, mas por 4 anos. No meio disto tudo, todos aqueles contratados que teriam lugar nos QZP, com a extinção deste, continuaram contratados, e continuarão, por muitos e bons anos.
Ou seja, nestes últimos 3 anos aposentaram-se mais de 10000 professores, e abriram 300 vagas. Contas por alto, deveria haver, grosso modo, mais 9700 entradas que não existiram. Mais uma vez, contas por alto, a diferença entre o que ganha um contratado e um vinculado nos escalões mais baixos é perto de 200 euros, logo, 1.940.000€ de poupança todos os meses. Isto contas muito por alto.

Simmmmmmmm, estas mudanças foram TODAS pela estabilidade dos professores!...

3 comentários:

Anónimo disse...

sim,na verdade é uma vergonha e os que continuam a ser explorados são os contratados;vão-lhe dando as piores turmas,os piores horários e os piores ordenados.
muitos com mais de 5 anos de contrato ,,,
espalham o nosso dinheiro, pelos novos cargos criados e a escola ficou pior...o trabalho na sala de aula é secundário..eles querem é criar uma nova classe de analfabetos,é mais fácil reinar!!!!os pais devem abrir os olhinhos...e zelar mais pelo futuro dos filhos.

Anónimo disse...

Estou de acordo com o que foi dito e há muito que também já fiz esta análise. Sou do grupo 500 Matemática, dou aulas à 10 anos, dos quais 4 foram com horário completo e perto de casa. Entrei nestes 4 anos em Agosto. Pelos vistos vou estar mais 4 anos a contrato com o horário completo. Concorri para os quadros do país todo e não fiquei. Só não vê quem não quer ver, que eu sou uma necessidade PERMANENTE no sistema.
ah, pois e tal, poupança do ministério meus caros, é sim senhor!!

Anónimo disse...

na verdade ,nem no outro tempo havia tamanha exploração.
hoje ,sou reformada...mas já fui contratada(agregada),e...posso dizer-vos, que nesse tempo, não gritavam tanto ,mas havia mais respeito pelo trabalho igual.
o trabalho dos professores tem que envolver alunos...o resto,conversa fiada...antigamente,trabalhava-se como hoje,havia avaliação como a de hoje...a única diferença é que hoje tem que ser tudo registado,para ser analisado pelos novos cargos...duvido,é que com tanta papelada seja possivel o mesmo sucesso.