quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ainda sobre a fusão do 1º e do 2º ciclo

Já aqui falei das minhas razões para não concordar com a fusão do 1º e do 2º ciclo, na perspectiva do professor generalista (ler aqui), mas. "esqueci-me" de alguns pormenores que gostaria de tratar hoje. Mais uma vez, e até posso parecer insistir demasiado neste ponto, se vê a missão economicista deste governo.

Infelizmente, o Ministério da Educação, e seus elementos, gabam-se de incutir e promover a excelência no nosso sistema de ensino, quando na realidade, a verdade é outra. Diminuir o número de professores através do conceito de professor generalista, quando a necessidade actual é bem maior do que a oferecida pelo ME, principalmente a nível de apoios pedagógicos acrescidos, é o primeiro passo. Desde há algum tempo, o ME diz que cada escola deverá potenciar os seus recursos humanos, mas a sua ideia de como fazer isso, é colocar professores de 2º ciclo a leccionar 3º ciclo, e vice-versa, ou colocar professores de uma determinada área a dar apoio numa área completamente diferente. Se houver necessidade de apoios pedagógicos acrescidos, e não houver professores disponíveis, simplesmente não há apoios, pois o ME não permite a contratação para estes casos. Bom e barato, na Educação não existe, por isso, o ME fica-se pelo barato, e usando estatísticas, e subterfúgios nas provas de aferição, provas globais, e afins, vende o medíocre por bom...

Colocar um professor a leccionar todas as disciplinas nucleares desde o primeiro até ao sexto ano, além de impedir um maior nível de conhecimento dos conteúdos, vai permitir ao ME poupar dinheiro nos seus recursos humanos, ou seja, nos professores. A questão das crianças traumatizadas apenas foi posta por psicólogos, uma classe obcecada pela defesa da infantilidade, em vez da defesa da sua educação. A pedagogia, a arte de ensinar, foi tomada de assalto pelos psicólogos e pelos teóricos da educação, muitos deles, sem praticamente nenhuma experiência real numa sala de aula. Estes agentes têm servido para apoiar todas as novas medidas do ME, sempre no pressuposto que são para proteger e melhorar a evolução das crianças. No entanto, estas medidas são uma falácia, pois se virmos globalmente, elas apenas protegem a sua infantilidade, sem qualquer tipo de exigência e de dificuldades, e o ME sabe-o, mas como a poupança está em primeiro lugar, faz de conta que são medidas inovadoras, ao nível do que de melhor se faz no mundo, esperando, sabendo-o, que os portugueses caiem na esparrela, e os professores se calam...

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