terça-feira, 21 de julho de 2009

Aluno passa com nove negativas

"Escola em Darque passa aluno com nove negativas."



Apenas por ignorância se pode publicar esta notícia da forma como foi publicada. A verdade, e todos a conhecem, é que casos similares acontecem todos os anos em inúmeras escolas. O problema foi serem nove? Porquê, 4, 5 ou 6 já é normal? Este aluno, no limiar da saída da idade de escolaridade obrigatória, foi aprovado para poder integrar um curso EFA (Educação e Formação de Adultos). Podemos concordar ou discordar, mas é uma estratégia utilizada muitas vezes, de maneira a tentar contrariar o abandono escolar e, de alguma forma, aumentar a motivação desse aluno para a sua educação.



Agora, uma informação relacionada para quem não conhece muito bem o funcionamente da escola pública: o sistema está feito para facilitar este tipo (e outros) de casos. Se um aluno já "chumbou" num dos anos de um determinado ciclo, as dificuldades para o "chumbar" novamente aumentam. Se um aluno estiver na condição de "chumbar" pela segunda vez no mesmo ano de escolaridade, as dificuldades para o fazer aumentam imenso. Não interessa muito se esse aluno está em condições para transitar de ano, não interessa se ele adquiriu as competências necessárias, ou até, se demonstrou uma atitude de trabalho. Não interessa nada disso. A lei está feita para que estes casos sejam "aconselhados" a passar de ano, independentemente do número de níveis negativos. Por isso, este caso de Darque não me surpreende minimamente, nem deve surpreender a maioria dos professores.



No entanto, como disse mais em cima, é necessário ver caso a caso. Eu não conheço a situação do aluno de Darque, mas à primeira vista, e de acordo com as informações veiculadas, não é nenhum escândalo. Maior escândalo é a facilidade com que hoje se transita de ano, muitas vezes sem as competências necessárias para isso, transições essas fomentadas a bem da estatística educativa por um sistema educativo cada vez mais facilitista. Mas esse escândalo, o verdadeiro, aquele que é um dos grandes problemas da educação em Portugal, não é lá grande notícia. Por isso, ficamo-nos com o acessório... Que se dane o essencial!

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