terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ranking de escolas - a discussão estéril

Ranking SIC Ensino Secundário: privados “esmagam” escolas públicas

Pela segunda vez em nove anos não há nenhuma escola pública nos dez primeiros lugares do Ranking SIC dos Exames Nacionais do Ensino Secundário. Tal só tinha acontecido no ano passado, mas a queda acentuou-se nos últimos três anos.

Todos os anos estes rankings são notícia, e sempre como ponto de partida para a discussão do porquê de as escolas privadas "esmagarem" as escolas públicas. E todos os anos esta fantochada pseudo-reflexiva continua, quando as razões para tal facto acontecer serem do conhecimento geral e do mais básico senso comum... Se uma escola pública pudesse escolher a dedo os seus alunos, os mais inteligentes, os mais capacitados ou os mais abonados de apoio financeiro, provavelmente este ranking seria muito mais equilibrado, ou talvez invertido. Mas a verdade é que a escola pública, como o nome indica, é pública e obrigatória para todos aqueles com menos de 15 anos, até agora, e até 18 anos a partir da nova legislação. Isto quer dizer que a escola pública é uma escola para todos: para os bons e maus alunos, para os mais e menos disciplinados, para os mais ou menos abonados finaceiramente ou socialmente. Como é óbvio, as médias finais fcarão sempre abaixo da maioria das escolas privadas.

Poderíamos ainda falar de outros factores, ainda ligados ao que disse atrás. Por exemplo, em casos de indisciplina, as escolas privadas têm recursos, e poderemos dizer, vontade, para fazer o que não se faz na pública: enquanto na privada podem ameaçar o aluno de expulsão da escola, e até podem realmente fazê-lo, na pública, com as repetidas directrizes do ministério central, brinca-se com a indisciplina, encapotando-a, defendendo-a com um novo estatuto do aluno apenas realmente posto em prática nas escolas sob a alçada directa do ministério. Ah! As privadas podem expulsar um aluno do seu sistema, mas este, terá sempre por lei que estar na escola. Para onde irá esse aluno? Para a pública!

Por fim, atenção a um pormenor, ligado directamente aos últimos anos da governação de Maria de Lurdes Rodrigues: pela segunda vez em nove anos não há nenhuma escola pública nos primeiros dez lugares. E ainda: este facto não é ocasional, acentuou-se nos últimos três anos. Não podemos dissociar estes dados da constante descredibilização da classe docente e da fuga dos mais experientes para a reforma. O suposto reforço da qualidade nas escolas através do ataque aos professores apenas trouxe a vantagem de poupar no vencimento dos professores, verdadeiro objectivo de todas as alterações no ECD e das novas regras do concurso. Quanto a qualidade... Nem vê-la.

Por tudo isto e mais algumas coisitas, estes rankings têm uma importância quase inexistente, e a discussão à sua volta, perfeitamente estéril.



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